Testosterona

Tratamento da Alopecia androgênica

Existe tratamento para a alopecia androgênica?

Com os últimos acontecimentos envolvendo Jada Pinkett Smith, Will Smith e o Comediante Chris Rock, o tema alopecia androgênica veio à tona. Mas a final o que é essa doença?

A alopecia androgênica é um distúrbio que consiste na perda de cabelo devido a ação do hormônio diidrotestosterona (DHT). O DHT é formado a partir da conversão da testosterona pela enzima 5 alfa redutase, sendo um processo fisiológico em nosso corpo. A partir disso, o hormônio atua entre outras coisas induzindo a miniaturização dos folículos capilares, gerando em última análise queda de cabelo progressiva.

Essa conversão hormonal de testosterona em DHT é algo normal e fisiológico, tornando a alopecia androgênica uma doença extremamente comum, acometendo homens e mulheres, atingindo cerca de 58% dos homens acima dos 50 anos. Além disso, sabe-se que indivíduos pré-dispostos podem ter queda de cabelo acelerada quando em uso exógeno de testosterona, seja em TRT ou mesmo em uso de doses supra fisiológicas.

A partir disso, sendo essa uma doença comum que apesar de benigna interfere na estética e autoestima masculina e feminina, estudar tratamentos efetivos para o tratamento dessa patologia se faz algo necessário. Pensando nisso, hoje vou te apresentar os resultados de 3 meta análises que avaliaram a eficácia de uma série de medicamentos no tratamento da alopecia androgênica.

Uma série de medicamentos se provaram eficazes no tratamento da alopecia androgênica e o primeiro que falaremos aqui hoje é o uso tópico de Minoxidil 5% na população masculina e 2% na feminina.  Essa droga atua estimulando a microcirculação em torno do folículo piloso e com isso promove crescimento capilar.

Outro grupo de drogas estudadas são os inibidores da enzima 5 alfa redutase como a finasterida e a dutasterida. Devido ao seu potencial de diminuir a conversão da testosterona em DHT, elas são capazes de atenuar a queda capilar. Além disso, estudos iniciais sugerem que o Saw Palmetto também seria capaz de diminuir a queda capilar pelos mesmos mecanismos fisiopatológicos já citados.

Vale ressaltar que os inibidores da 5 alfa redutase podem ser utilizadas no tratamento selecionado de alguns pacientes que realizam o uso de testosterona e apresentam o quadro de alopecia androgênica, uma vez que auxiliaram na diminuição do DHT. Entretanto, é importante saber que eles se tornam ineficazes no tratamento em usuários de medicações derivadas do DHT, como oxandrolona, por exemplo, uma vez que essas medicações não são convertidas pela enzima 5 alfa redutase.

Para finalizar, ainda existem estudos evidenciando uma série de outras terapias como eficazes, entre elas vale ressaltar a terapia a laser de baixo nível, injeção de plasma rico em plaquetas e ainda a medicação bimatoprost.

A partir disso, observamos que o tratamento da alopecia androgênica pode ser realizado de diversas formas distintas. A escolha terapêutica deve ser realizada a partir de uma avaliação médica e discussão entre médico e pacientes dos riscos e benefícios entre cada uma dessas terapias.

Referências

10.1080/09546634.2020.1749547

10.1016/j.jaad.2017.02.054

10.1097/DSS.0000000000001894

10.1159/000509905

Testosterona aumenta o hematócrito?

O uso de testosterona aumenta o hematócrito?

Sabemos que o uso de testosterona está diretamente associado a uma série de possíveis efeitos colaterais. Entre eles, um possível colateral muitas vezes subestimado é o aumento do hematócrito.

Mas a final, a testosterona realmente aumenta o hematócrito?

Para responder essa pergunta Nackeeran e colaboradores realizaram uma metanálise puplicada em 2022 que avaliou 29 estudos duplo cego randomizados com placebo, alcançando uma amostra de 3393 homens. Nesses estudos, foi avaliado a alteração do hematócrito em homens hipogonádicos que utilizavam testosterona em doses de reposição.

A revisão mostrou que todos os tipos de terapias de reposição de testosterona resultam em aumento estatisticamente significativos no hematócrito médio quando comparados com placebo. Onde o undecanoato de testosterona oral foi o que proporcionou o maior aumento (média de 4,3%) e o adesivo o menor aumento (cerca de 1,4%). Já a aplicação intramuscular de enantato/cipionato de testosterona gerou um aumento médio de 4,0%.

A partir disso, conclui-se que todos os tipos de testosterona estão associados ao aumento discreto do hematócrito. Entretanto, esse aumento não se provou clinicamente relevante, não sendo um marcador definitivo de aumento de risco cardiovascular ou mesmo tromboembólico.

Apesar disso, vale ressaltar que esses estudos avaliaram pacientes utilizando doses em níveis fisiológicos de testosterona. Quando falamos de situações em que as doses alcançam valores superiores ao fisiológico, o aumento de hematócrito tende a ser maior, podendo muitas vezes alcançar valores superiores aos avaliados nos estudos.

Sendo assim, apesar de o uso de testosterona em níveis fisiológicos ter boa segurança de uso em relação ao hematócrito, dados referentes ao uso de doses supra fisiológicas, ou mesmo estudos avaliando associações de drogas, são escassos. Sendo assim, é recomendado que nessas situações, seja realizado um acompanhamento médico de perto, para que dessa forma, as alterações sejam mais bem avaliadas e conduzidas.

Referências

É seguro usar testosterona em mulheres?

Testosterona em mulheres: segurança e efeitos colaterais

A utilização de testosterona em mulheres é algo que gera muita insegurança e divergência de opiniões entre pacientes e profissionais saúde. Devido ao seu caráter predominantemente androgênico em relação ao potencial anabólico, seu uso se torna questionável em situações em que o objetivo do uso seja o aumento da massa muscular em mulheres.

Entretanto, doenças como a síndrome do desejo sexual hipoativo (DSH) possuem como tratamento de escolha a utilização desse tipo de medicação. Sendo assim, surge o questionamento, a utilização de testosterona em mulheres com indicação clínica de uso é realmente é algo seguro?

Para responder a essa pergunta quero te apresentar uma meta-análise que avaliou 36 estudos clínicos randomizados com uma amostra de mais de 8480 participantes. Nesse estudo foi avaliado a eficácia, segurança e potenciais efeitos colaterais do uso de testosterona em mulheres.

O estudo mostrou que a testosterona realmente é eficaz no tratamento do desejo sexual hipoativo feminino, melhorando a satisfação e função sexual nas mulheres pós menopausa.

Já os principais efeitos colaterais relatados, foram: aumento do LDL e triglicerídeos e diminuição do HDL. Entretanto, esses efeitos foram vistos apenas na medicação via oral, não ocorrendo na aplicação transdérmica, sugerindo que essa via como preferencial no tratamento. Por fim, outros colaterais relatos foram acne e crescimento de pelos. Vale ressaltar que efeitos adversos graves não foram relatados em nenhum dos estudos avaliados.

Outro ponto que pode gerar certa apreensão é o fato de a testosterona ser convertida pela enzima aromatase em estrogênio. A partir disso, alguns profissionais temem que esse aumento do estrogênio possa aumentar o risco de doenças como o câncer de mama, por exemplo.

Para avaliar se esse risco teórico se evidenciaria na prática clínica, uma equipe de pesquisadores realizou uma revisão avaliando o risco de câncer de mama em paciente utilizando testosterona. O resultado surpreendeu, além de não aumentar o risco de câncer de mama, o uso de testosterona é capaz de REDUZIR o risco do desenvolvimento da doença.

Além disso, o estudo ainda trouxe uma alternativa terapêutica utilizada em populações selecionadas, em que o aumento do estradiol geraria um aumento de risco inaceitável. Nessas pacientes, a combinação entre testosterona e anastrozol se mostrou segura e ainda foi eficaz em diminuir o tamanho do tumor nas mulheres com diagnóstico de CA de mama.

A partir dos estudos apresentados, vemos que a utilização de testosterona é sim segura nas mulheres. Entretanto, vale ressaltar que os estudos avaliaram a utilização da testosterona na faixa de 300 µg por dia. A utilização de doses supra fisiológicas aumenta os efeitos adversos do medicamento, podendo assim cursar com aumento dos efeitos já descritos, além de piora metabólica, aumento do risco cardiovascular, clitoromegalia e alteração da voz.

Referências

Doi: 10.1016/S2213-8587(19)30189-5

Doi: 10.1016/j.maturitas.2015.06.002

Tribulus Terrestris é Capaz de aumentar a testosterona?

Tribulus Terrestris é Capaz de aumentar a testosterona?

A demanda por compostos naturais como alternativas para o aumento da testosterona vem crescendo exponencialmente nos últimos anos. Uma série de suplementos e fitoterápicos vem se popularizando no mercado sendo o Tribulus Terrestris um dos mais utilizados. Mas será que o Tribulus Terrestris realmente é eficaz em aumentar a testosterona?

Para responder essa pergunta, precisamos analisar o que os artigos de maior evidência cientificam relatam a respeito disso.

Uma metanálise realizada por Sha’ari e colaboradores veio para esclarecer o papel do Tribulus Terrestris nas mulheres. O grupo de pesquisadores concluiu, a partir da revisão de 20 estudos clínicos, que esse fitoterápico possui um efeito positivo na melhoria geral da função sexual feminina, sendo eficaz no aumentando do desejo sexual dessa população.

Além disso, Borrelli e colaboradores realizaram uma meta análise a fim de compreender o papel do Tribulus Terrestris e outras ervas no homem, focando no papel desses fitoterápicos no tratamento da disfunção erétil. Entretanto, apenas dois estudos foram avaliados, chegando a resultados com baixo nível de evidência. A partir de um Trial com 172 homens, sugere-se que a utilização desse fitoterápico é superior ao placebo no tratamento da disfunção erétil.

Apesar de poucos estudos analisando esse fitoterápico, podemos observar uma tendência de que o Tribulus Terrestris possui um potencial de aumento da libido. Mas e em relação a testosterona, o que as evidências nos mostram? 

Para responder a essa pergunta, precisaremos recorrer aos poucos estudos duplos cegos e randomizados publicados até o momento. Um estudo piloto coordenado por Roaiah e colaboradores avaliou a utilização de 750mg/dia de Tribulus Terrestris em um grupo de 30 homens idosos com deficiência parcial de andrógenos. A partir disso, observou-se um aumento discreto nos níveis de testosterona total e livre, porém sem relevância significativa no aumento dos níveis de LH e FSH.

Em contrapartida, outro Trial realizado pelo mesmo grupo de pesquisadores, mas agora em 30 homens com infertilidade inexplicada, encontrou que a utilização do fitoterápico não interferiu nos níveis séricos de testosterona.

A partir desse grupo de estudos, observamos que a utilização de Tribulus Terrestris para aumento de testosterona não é algo suportado pela literatura atual. Entretanto, isso não significa que esse fitoterápico não possa ter utilizações clínicas. O Tribulus Terrestris vem se mostrado eficaz no aumento da libido em certas situações, podendo ser empregado eventualmente em estratégias terapêuticas.

Referências

Testosterona aumenta o Risco Cardiovascular (RCV) ?

É fato que níveis baixos de testosterona estão diretamente correlacionados a uma série de distúrbios; como, por exemplo, síndrome metabólica, obesidade visceral e redução de massa muscular. A partir disso, a população com hipogonadismo rotineiramente apresenta também um maior risco cardiovascular (RCV).

Associado a esse cenário, existe um grande misticismo em relação à utilização de testosterona gerar um aumento do risco cardiovascular. Sendo assim, surge a questão: A reposição de testosterona é segura em relação ao RCV? E mais, ela é capaz de aumentar ou diminuir esse risco em determinadas populações?

Foi a essas perguntas que uma meta-análise publicada em 2018, na revista International Society for Sexual Medicine tentou nos responder.

O grupo de pesquisadores, após extensa análise avaliou um total de 15 Estudos farmacoepidemiológicos e 93 estudos randomizados. Chegando a algumas conclusões interessantes.

Ao se avaliar exclusivamente os estudos farmacoepidemiológicos chegamos a uma conclusão de que a reposição de testosterona não seria apenas segura, mas também conseguiria reduzir a mortalidade geral e morbidade cardiovascular.

Ao avaliarem os estudos randomizados, a conclusão foi similar, nos mostrando que a reposição de testosterona é sim, segura em relação ao risco cardiovascular. Entretanto, ela não se mostrou como fator protetor na população em geral. Já ao se avaliar subpopulações, como indivíduos obesos, por exemplo, foi encontrado um benefício reduzindo o risco cardiovascular durante a realização da terapia de reposição de testosterona, provavelmente devido à diminuição do peso e melhora de outros marcadores metabólicos.

Entretanto, um ponto interessante deve ser relatado. Ao se avaliar a segurança do uso crônico de níveis suprafisiológicos de testosterona, foi encontrado um aumento de risco cardiovascular. Sendo assim, a sobredosagem de Testosterona deve ser cuidadosamente evitada, especialmente em populações de maior RCV.

Referências

A Testosterona pode prevenir ou reverter o Diabetes do Tipo 2?

Não é novidade que homens com sobrepeso ou mesmo obesidade, frequentemente possuem níveis séricos de testosterona baixos. Associado a isso, sabemos que esse tipo de condição é um fator de risco para o desenvolvimento de Diabetes do Tipo 2.

 

A partir dessa relação, surgiu uma hipótese: indivíduos com alterações glicêmicas ou mesmo com diagnóstico recente de Diabetes Mellitus do Tipo 2, podem ser beneficiados com a utilização de testosterona exógena caso não apresentem hipogonadismo?

 

Foi isso que Bracken e colaboradores decidiram descobrir em seu estudo. O grupo de pesquisadores avaliou mais de mil homens, os quais apresentavam alterações glicêmicas no Teste Oral de Tolerância a Glicose (TOTG) ou então diagnóstico recente de Diabetes do tipo 2. Como critério de inclusão no estudo, os pesquisadores selecionaram entre outras variáveis, apenas homens com testosterona inferior a 403, mas que ainda não tivessem diagnóstico de hipogonadismo.

 

A ideia do estudo foi comparar se em dois anos, os homens que recebessem 1000mg de Undecanoato de testosterona a cada 12 semanas, por 2 anos, apresentariam menor chance de evoluir para diabetes em relação ao grupo que recebeu o placebo.

 

O resultado encontrado pelo grupo foi surpreendente! O grupo que recebeu testosterona teve maiores diminuições na glicemia em jejum, circunferência da cintura, percentual de gordura além de maiores aumentos na massa muscular, força de preensão manual e melhorias significativas no Índice Internacional de disfunção erétil.

 

Diante disso, uma nova arma pode entrar em nosso arsenal na prevenção de diabetes em homens com alterações glicêmicas no TOTG ou diagnóstico recente de Diabetes. Entretanto, vale ressaltar que mudanças na alimentação e prática de atividade física, permanecem como medida obrigatória para essa população.

Referências