Guilherme Alfonso Vieira Adami

O uso de GH realmente é capaz de ajudar na melhoria dá composição corporal?

O Hormônio do crescimento é uma droga popularmente reconhecida por supostamente possuir um grande potencial anabólico e lipolítico. Entretanto, sabemos que o seu uso é amplamente estudado em crianças com déficit de crescimento, por exemplo, população na qual esse suposto potencial anabólico e lipolítico não se mostra de forma pronunciada.

 

Diante disso, surge o questionamento: Em adultos, praticantes de atividade física, o uso de GH seria realmente capaz de gerar modificações corporais ou mesmo melhorar a performance esportiva?

 

Kaspersky e colaboradores realizaram uma metanalise para nos ajudar a encontrar essa resposta! O grupo de pesquisadores revisou uma série de estudos randomizamos, duplo cegos, onde foi analisado se o uso de GH de forma isolada seria capaz de provocar alterações na composição corporal ou então no desempenho esportivo de atletas.

 

A primeira variável avaliada foi a dose utilizadas nesses estudos. As pesquisas analisadas, avaliaram o uso de doses entre 6 e 15 UI diários da medicação de forma diária e ininterrupta por até 3 meses.

 

Os resultados encontrados em relação a composição corporal foram significativos. O grupo que utilizou GH teve um ganho de em média 1,62Kg de massa muscular e de 1,77Kg de água extra celular em relação ao grupo placebo. Já em relação a lipólise, o grupo em uso de GH teve uma redução de em média 1,22Kg de gordura em relação ao placebo.

 

Já ao analisar a melhora no desempenho esportivo, seja avaliando força ou mesmo VO2 máximo, o uso de Gh não apresentou melhorias estaticamente significativas em relação ao placebo, sugerindo que a medicação não teria papel relevante no aumento de performance.

 

A partir disso, podemos concluir que o uso de GH é capaz de auxiliar na melhora de composição corporal, aumentando massa muscular, reduzindo gordura, entretanto, aumentando também a quantidade de líquido extracelular.

 

Além disso, sabemos que o uso da medicação em atletas costuma ser acompanhada de hormônios androgênicos. Infelizmente, a literatura médica atual carece de dados do real potencial dessa associação. Sendo assim, ficamos apenas com os dados empíricos que mostram que a combinação de GH com hormônios androgênicos resulte efeito sinérgico das drogas, sugerindo uma melhora discreta no resultado físico.

 

Apesar de tudo isso, um ponto ainda não discutido deve ser levado em conta: as doses avaliadas nos estudos são elevadas. Apesar de existir literatura evidenciando segurança de uso dessas doses, existe um ponto extremamente limitante no uso da medicação: o fator financeiro. Só para se ter uma ideia, um tratamento de 3 meses com uma dose de 10 UI diário geraria um custo de cerca de 20 mil reais apenas  em medicação.

 

Sendo assim, comente aqui em baixo: Considerando que os ganhos gerados pelo GH são relativamente baixos, na maioria das vezes facilmente alcançados apenas com treino e dieta bem ajustados, você acha que de forma geral realmente vale a pena o seu uso?

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O uso de Anti-inflamatórios prejudica a hipertrofia?

Sabemos que o exercício físico resistido induz inflamação, situação necessária para gerar remodelação tecidual e consequentemente hipertrofia. Por sua vez, os medicamentos anti-inflamatórios não esteroidais (AINEs), como o ibuprofeno, por exemplo, atuam inibindo a enzima COX; e, com isso, bloqueiam a produção de uma série de mediadores pró-inflamatórios que atuam no processo de inflamação tecidual.

Diante disso, surge a questão: O uso de AINEs realmente pode atrapalhar a hipertrofia muscular?

Para responder essa pergunta, Lilja e sua equipe realizaram um ensaio clínico randomizado com 35 indivíduos jovens submetidos a uma rotina de treinamento resistido supervisionado.

Os pesquisadores dividiram de forma randomizada os voluntários em dois grupos, onde foi comparado os efeitos do uso de 1,2g de ibuprofeno em relação ao uso de 75 mg de Ácido Acetil Salicílico, diariamente, por 8 semanas.

Após esse período, foi realizada uma biópsia muscular do vasto lateral de todos os voluntários de modo a se avaliar uma série de mediadores necessários no processo de hipertrofia tecidual. Além disso, antes e após o experimento, foi realizado uma ressonância magnética de cada indivíduo, de modo a quantificar os ganhos musculares.

A partir disso, os pesquisadores concluíram que o uso diário de ibuprofeno atua atenuando força e adaptações hipertróficas musculares em jovens adultos. Sendo assim, indivíduos que desejam obter um maior rendimento e crescimento muscular devem evitar a ingestão excessiva de drogas anti-inflamatórias.

Vale ressaltar, que o uso agudo e ocasional desses medicamentos, não prejudica significativamente o processo de hipertrofia muscular. Isso se deve ao fato de que o processo de hipertrofia muscular ocorra a partir de uma resposta adaptativa crônica ao treinamento resistido.

Por fim, um ponto que deve ser considerado é que a necessidade do uso diário de anti-inflamatórios pode sugerir a presença de alguma patologia, ou mesmo, uma prescrição inadequada de treinamento. Sendo assim, é importante que na presença de qualquer dor muscular ou tendínea duradoura, seja realizado um acompanhamento médico a fim de se compreender a causa da dor; e, com isso, ser realizado o tratamento definitivo da condição.

Referências

DOI: 10.5007/1980-0037.2011v13n4p320

DOI: 10.1111/apha.12948

Anticoncepcional altera a performance?

Atletas devem usar Pílula Anticoncepcional?

O uso de anticoncepcional oral (ACOs) como método contraceptivo ou mesmo com intuito de controlar ou tratar patologias é algo extremamente comum no público feminino. Essa realidade não é diferente em atletas, sendo que em uma auditoria realizada em 2018 com 430 atletas de elite foi constatado que 49% dessas mulheres utilizavam um método anticoncepcional hormonal.
Associado a isso, sabemos que o ciclo hormonal feminino fisiológico é marcado por variações hormonais constantes, gerando picos e vales de progesterona e estrogênio ao longo dos dias. Estudos sugerem que essa variação hormonal seja capaz de gerar discretas alterações no desempenho de atletas, como por exemplo, diminuição desempenho aeróbico durante a fase lútea tardia e do desempenho anaeróbico na fase folicular tardia.
Por outro lado, em mulheres que utilizam anticoncepcional oral, esses picos e vales hormonais fisiológicos são inibidos através de um feedback negativo realizado pela medicação. Diante dessa alteração hormonal surge a questão, o uso de anticoncepcional seria capaz de interferir no desempenho dessas atletas?
Para responder essa pergunta Kirsty e colaboradores em sua metánalise avaliaram 42 estudos diferentes, com intuito de entender se as alterações hormonais geradas pela pílula seriam capazes de beneficiar ou prejudicar as atletas estudadas. A partir disso foi avaliada a correlação entre performance esportiva e o uso de anticoncepcional oral combinado, ou seja, aqueles contendo Etinilestradiol associado a algum progestógeno como levonorgestrel, ciproterona ou drospirenona por exemplo.
O grupo de pesquisadores encontrou de um modo geral que a utilização do anticoncepcional hormonal age de forma negativa na performance esportiva. Acredita-se que isso se deva ao fato do uso de ACO suprimirem a produção endógena dos hormônios femininos, fazendo com que as concentrações de estradiol e progesterona endógenos se encontrem significativamente diminuídos quando comparadas com os níveis fisiológicos.
Vale ressaltar que essas alterações de performance foram extremamente sutis, fazendo com que as implicações na realidade sejam tão pequenas a ponto de serem triviais e, portanto, não significativas para a maioria da população.
Por outro lado, o uso de ACOs foi capaz de gerar um aumento substancial no desempenho esportivo de mulheres que sofriam de dismenorreia e hiper fluxo menstrual. Uma vez que inibindo a menstruação dessas mulheres com a utilização de anticoncepcional contínuo, o quadro clínico de dor e os desconfortos gerados pela menstruação foram solucionados, proporcionando melhora na performance.
Diante disso, podemos concluir que o uso de ACOs pode ser capaz de interferir na performance esportiva, entretanto, pensando em nível populacional, essa alteração é tão sutil que passaria despercebido na maioria das mulheres. Por outro lado, em situações em que há a indicação clínica da medicação, o desempenho poderia ser inclusive aumentado.
Sendo assim, mulheres que desejam alcançar uma alta performance devem realizar uma escolha pelo método a partir de uma avaliação conjunta com seu médico de confiança afim de discutirem os riscos e benefícios da medicação.
Referências:
doi: 10.1007/s40279-020-01317-5.
doi: 10.3390/ijerph18041667

Tratamento da Alopecia androgênica

Existe tratamento para a alopecia androgênica?

Com os últimos acontecimentos envolvendo Jada Pinkett Smith, Will Smith e o Comediante Chris Rock, o tema alopecia androgênica veio à tona. Mas a final o que é essa doença?

A alopecia androgênica é um distúrbio que consiste na perda de cabelo devido a ação do hormônio diidrotestosterona (DHT). O DHT é formado a partir da conversão da testosterona pela enzima 5 alfa redutase, sendo um processo fisiológico em nosso corpo. A partir disso, o hormônio atua entre outras coisas induzindo a miniaturização dos folículos capilares, gerando em última análise queda de cabelo progressiva.

Essa conversão hormonal de testosterona em DHT é algo normal e fisiológico, tornando a alopecia androgênica uma doença extremamente comum, acometendo homens e mulheres, atingindo cerca de 58% dos homens acima dos 50 anos. Além disso, sabe-se que indivíduos pré-dispostos podem ter queda de cabelo acelerada quando em uso exógeno de testosterona, seja em TRT ou mesmo em uso de doses supra fisiológicas.

A partir disso, sendo essa uma doença comum que apesar de benigna interfere na estética e autoestima masculina e feminina, estudar tratamentos efetivos para o tratamento dessa patologia se faz algo necessário. Pensando nisso, hoje vou te apresentar os resultados de 3 meta análises que avaliaram a eficácia de uma série de medicamentos no tratamento da alopecia androgênica.

Uma série de medicamentos se provaram eficazes no tratamento da alopecia androgênica e o primeiro que falaremos aqui hoje é o uso tópico de Minoxidil 5% na população masculina e 2% na feminina.  Essa droga atua estimulando a microcirculação em torno do folículo piloso e com isso promove crescimento capilar.

Outro grupo de drogas estudadas são os inibidores da enzima 5 alfa redutase como a finasterida e a dutasterida. Devido ao seu potencial de diminuir a conversão da testosterona em DHT, elas são capazes de atenuar a queda capilar. Além disso, estudos iniciais sugerem que o Saw Palmetto também seria capaz de diminuir a queda capilar pelos mesmos mecanismos fisiopatológicos já citados.

Vale ressaltar que os inibidores da 5 alfa redutase podem ser utilizadas no tratamento selecionado de alguns pacientes que realizam o uso de testosterona e apresentam o quadro de alopecia androgênica, uma vez que auxiliaram na diminuição do DHT. Entretanto, é importante saber que eles se tornam ineficazes no tratamento em usuários de medicações derivadas do DHT, como oxandrolona, por exemplo, uma vez que essas medicações não são convertidas pela enzima 5 alfa redutase.

Para finalizar, ainda existem estudos evidenciando uma série de outras terapias como eficazes, entre elas vale ressaltar a terapia a laser de baixo nível, injeção de plasma rico em plaquetas e ainda a medicação bimatoprost.

A partir disso, observamos que o tratamento da alopecia androgênica pode ser realizado de diversas formas distintas. A escolha terapêutica deve ser realizada a partir de uma avaliação médica e discussão entre médico e pacientes dos riscos e benefícios entre cada uma dessas terapias.

Referências

10.1080/09546634.2020.1749547

10.1016/j.jaad.2017.02.054

10.1097/DSS.0000000000001894

10.1159/000509905

Testosterona aumenta o hematócrito?

O uso de testosterona aumenta o hematócrito?

Sabemos que o uso de testosterona está diretamente associado a uma série de possíveis efeitos colaterais. Entre eles, um possível colateral muitas vezes subestimado é o aumento do hematócrito.

Mas a final, a testosterona realmente aumenta o hematócrito?

Para responder essa pergunta Nackeeran e colaboradores realizaram uma metanálise puplicada em 2022 que avaliou 29 estudos duplo cego randomizados com placebo, alcançando uma amostra de 3393 homens. Nesses estudos, foi avaliado a alteração do hematócrito em homens hipogonádicos que utilizavam testosterona em doses de reposição.

A revisão mostrou que todos os tipos de terapias de reposição de testosterona resultam em aumento estatisticamente significativos no hematócrito médio quando comparados com placebo. Onde o undecanoato de testosterona oral foi o que proporcionou o maior aumento (média de 4,3%) e o adesivo o menor aumento (cerca de 1,4%). Já a aplicação intramuscular de enantato/cipionato de testosterona gerou um aumento médio de 4,0%.

A partir disso, conclui-se que todos os tipos de testosterona estão associados ao aumento discreto do hematócrito. Entretanto, esse aumento não se provou clinicamente relevante, não sendo um marcador definitivo de aumento de risco cardiovascular ou mesmo tromboembólico.

Apesar disso, vale ressaltar que esses estudos avaliaram pacientes utilizando doses em níveis fisiológicos de testosterona. Quando falamos de situações em que as doses alcançam valores superiores ao fisiológico, o aumento de hematócrito tende a ser maior, podendo muitas vezes alcançar valores superiores aos avaliados nos estudos.

Sendo assim, apesar de o uso de testosterona em níveis fisiológicos ter boa segurança de uso em relação ao hematócrito, dados referentes ao uso de doses supra fisiológicas, ou mesmo estudos avaliando associações de drogas, são escassos. Sendo assim, é recomendado que nessas situações, seja realizado um acompanhamento médico de perto, para que dessa forma, as alterações sejam mais bem avaliadas e conduzidas.

Referências

É seguro usar testosterona em mulheres?

Testosterona em mulheres: segurança e efeitos colaterais

A utilização de testosterona em mulheres é algo que gera muita insegurança e divergência de opiniões entre pacientes e profissionais saúde. Devido ao seu caráter predominantemente androgênico em relação ao potencial anabólico, seu uso se torna questionável em situações em que o objetivo do uso seja o aumento da massa muscular em mulheres.

Entretanto, doenças como a síndrome do desejo sexual hipoativo (DSH) possuem como tratamento de escolha a utilização desse tipo de medicação. Sendo assim, surge o questionamento, a utilização de testosterona em mulheres com indicação clínica de uso é realmente é algo seguro?

Para responder a essa pergunta quero te apresentar uma meta-análise que avaliou 36 estudos clínicos randomizados com uma amostra de mais de 8480 participantes. Nesse estudo foi avaliado a eficácia, segurança e potenciais efeitos colaterais do uso de testosterona em mulheres.

O estudo mostrou que a testosterona realmente é eficaz no tratamento do desejo sexual hipoativo feminino, melhorando a satisfação e função sexual nas mulheres pós menopausa.

Já os principais efeitos colaterais relatados, foram: aumento do LDL e triglicerídeos e diminuição do HDL. Entretanto, esses efeitos foram vistos apenas na medicação via oral, não ocorrendo na aplicação transdérmica, sugerindo que essa via como preferencial no tratamento. Por fim, outros colaterais relatos foram acne e crescimento de pelos. Vale ressaltar que efeitos adversos graves não foram relatados em nenhum dos estudos avaliados.

Outro ponto que pode gerar certa apreensão é o fato de a testosterona ser convertida pela enzima aromatase em estrogênio. A partir disso, alguns profissionais temem que esse aumento do estrogênio possa aumentar o risco de doenças como o câncer de mama, por exemplo.

Para avaliar se esse risco teórico se evidenciaria na prática clínica, uma equipe de pesquisadores realizou uma revisão avaliando o risco de câncer de mama em paciente utilizando testosterona. O resultado surpreendeu, além de não aumentar o risco de câncer de mama, o uso de testosterona é capaz de REDUZIR o risco do desenvolvimento da doença.

Além disso, o estudo ainda trouxe uma alternativa terapêutica utilizada em populações selecionadas, em que o aumento do estradiol geraria um aumento de risco inaceitável. Nessas pacientes, a combinação entre testosterona e anastrozol se mostrou segura e ainda foi eficaz em diminuir o tamanho do tumor nas mulheres com diagnóstico de CA de mama.

A partir dos estudos apresentados, vemos que a utilização de testosterona é sim segura nas mulheres. Entretanto, vale ressaltar que os estudos avaliaram a utilização da testosterona na faixa de 300 µg por dia. A utilização de doses supra fisiológicas aumenta os efeitos adversos do medicamento, podendo assim cursar com aumento dos efeitos já descritos, além de piora metabólica, aumento do risco cardiovascular, clitoromegalia e alteração da voz.

Referências

Doi: 10.1016/S2213-8587(19)30189-5

Doi: 10.1016/j.maturitas.2015.06.002

Anticoncepcional engorda?

Você vai engordar se usar Anticoncepcional!?

Essa é uma frase que se toda mulher já escutou em algum momento! Entretanto, será que isso realmente ocorre? E se ocorre, quais são as razões para esse tipo de acontecimento?

Para entendermos isso, primeiramente eu preciso te explicar quais substâncias podem fazer parte de um anticoncepcional oral combinado (ACO). Esse tipo de medicamente possui um estrogênio, geralmente o Etinilestradiol (EE), associado a uma progestina. Essa progestina é sintetizada de 3 substratos principais: Testosterona, Progesterona e Aldosterona, sendo assim, existem diversas combinações de progestinas que podem acompanhar o EE.

E é especialmente por conta disso que os efeitos colaterais podem variar tanto de um anticoncepcional para outro. Teoricamente, o EE possui um certo potencial glicocorticoide, auxiliando na retenção líquida e potencialmente gerando um leve aumento de peso. Entretanto, as progestinas, podem possuir os efeitos mais variados, atuando com um potencial androgênico, antiandrogênico, glicocorticoide ou até mesmo anti-glicocorticoide, esse último, em teoria, auxiliaria inclusive na diminuição da retenção líquida, gerando em certo grau, perca de peso. 

Após essa introdução baseada no mecanismo teórico, vamos para os estudos que avaliam o desfecho clínico desse tipo de medicação. Uma metanalise realizada por Maria Gallo e sua equipe que analisou mais de 52 métodos contraceptivos distintos. A conclusão do estudo foi que nenhum grande efeito dos ACOs sobre o peso, foi evidente.

Quando analisamos subpopulações, como mulheres obesas, ou mesmo atletas por exemplo, os resultados são similares. Estudos duplo cego e randomizado realizados nessas subpopulações nos mostram que EE/Levonorgestrel não estão associados a mudança de peso, composição corporal ou alteração de desempenho físico.

Por outro lado, existem evidências que certos anticoncepcionais podem sim interferir de forma leve no peso. Um estudo comparando a utilização de ACO com EE associado a Drospirenona vs Acetato de Clormadinona (CMA) mostrou que as mulheres que usaram CMA ganharam em média 1 kg e as que usaram DRSP perderam em média 0,4 kg após 6 semanas. Essa diferença em relação ao peso inicial pode ser dar devido a DRSP possuir uma ação anti-mineralocorticoide, a qual provavelmente auxiliou na diminuição da retenção líquida. Já o CMA possui ação inversa, aumentando a retenção líquida.

A partir do apresentado, concluímos que em geral, ACO não está relacionado ao aumento de peso. Entretanto, é provável que certas medicações possam contribuir com aumento leve do peso, euqnato outras podem inclusive contribuir com a redução do peso. Sendo assim, torna-se claro que o mais adequado é escolha conjunta entre médico e paciente pela melhor combinação de ACO, a fim de se alcançar o resultado esperado com o menor nível de colaterais.

Referências

Comparison of change in body weight between contraception containing 30-µg ethinylestradiol/2-mg chlormadinone acetate or 30-µg ethinylestradiol/3-mg drospirenone: a randomised controlled trial

https://doi.org/10.1080/13625187.2019.1688290

 

Weight and Body Composition Changes During Oral Contraceptive Use in Obese and Normal Weight Women

DOI: 10.1089/jwh.2012.4241

 

Combination contraceptives: effects on weight (Review)

 10.1002/14651858.cd003987.pub5 

 

Oral Contraceptive Use does not Negatively Affect Body Composition and Strength Adaptations in Trained Women

doi:10.1055/a-0985-4373 

Tratamento Farmacológico da Ginecomastia

Existe remédio para tratar ginecomastia?

O aumento do tecido e sensibilidade mamária é um problema comum que geralmente ocorre em situações de desbalanço entre os níveis de Estrogênio e Testosterona. Sendo assim, esse tipo de condição acomete especialmente adolescentes que estão iniciando na puberdade e homens adultos em terapia de privação androgênica (devido ao câncer de próstata, por exemplo). Além disso, usuários de esteroides anabolizantes, eventualmente, também podem apresentar esse tipo de quadro clínico.

Além do aumento decorrente da sensibilidade e desconforto local, é notório o incômodo devido a um prejuízo estético. Sendo assim, diante dessa patologia, é comum a necessidade de tratamento cirúrgico para remoção de parte da glândula e, com isso, resolução do quadro clínico. Mas além do tratamento cirúrgico, é possível a realização de um tratamento clínico para essa patologia?

Para responder essa pergunta, vamos falar hoje das 3 principais linhas de tratamento farmacológico que vem sendo estudadas para essa condição: Os moduladores seletivos do receptor de estrogênio (SERMs), inibidores da enzima aromatase e os hormônios androgênicos.

Como falado anteriormente, o quadro de ginecomastia geralmente é desencadeado pelo desbalanço entre os níveis de estrogênio e testosterona. Sendo assim, em homens com hipogonadismo, a reposição de testosterona pode ser capaz de auxiliar no quadro clínico. Entretanto, em homens eugonádicos, esse benefício não ocorre.

Outra classe de medicamentos muito falada são os inibidores da aromatase, tendo como uma das drogas mais conhecidas o anastrozol. Seu uso muitas vezes é empregado devido ao mecanismo bioquímico da droga de diminuir os níveis de estrogênio circulantes. Apesar de fazer sentido farmacológico, o desfecho clínico não vem se mostrando eficaz. Um estudo duplo cego randomizado realizado em pacientes com ginecomastia puberal, demonstrou não haver diferença significativa na porcentagem de pacientes com redução de 50% ou mais no volume total da mama, calculado a partir de medidas ultrassonográficas, entre os grupos anastrozol e placebo.

Para finalizar, vamos falar dos SERMs. Uma série de estudos demonstraram que a utilização de tamoxifeno e especialmente o Raloxifeno foram positivos na diminuição do volume e sensibilidade mamária. A redução do tecido mamário chegou a ocorrer em cerca de 70% dos pacientes em um estudo duplo cego randomizado realizado em idosos com ginecomastia de diversas causas. Um ponto importante, é que revisões mais recentes apontam que esse tipo de medicação diminui muito sua eficácia quando utilizada em pacientes com quadros de mais de um ano de evolução.

Diante disso, vemos que apesar de os dados dos ensaios clínicos serem limitados, existe evidência que suporta a possibilidade de tratamento clínico em casos iniciais de ginecomastia. Associado a isso, vale ressaltar que especialmente em usuários de esteroides anabolizantes, muitas vezes o mais prudente é reduzir ou mesmo cessar as doses de hormônios em uso. Por fim, é importante frisar que o tratamento profilático para a ginecomastia em usuários de esteroides anabolizantes, é algo inadequado.

Referências

GLUTAMINA AUMENTA A IMUNIDADE

Glutamina é capaz de aumentar a imunidade?

Tomar glutamina vai aumentar a sua imunidade?

A utilização de suplementos alimentares vem se tornando algo cada vez mais comum. Com isso, uma série de suplementos vem se popularizando, com promessas de melhoria de desempenho esportivo, composição corporal e até imunidade. A partir disso, é notório que quando pensamos em um suplemento capaz de melhorar a imunidade, logo a glutamina vem à tona. Mas a final, o que as evidências nos mostram sobre esse suplemento?

Para responder essa pergunta, vamos trazer aqui a análise de estudos em dois cenários distintos: Inicialmente vamos avaliar o papel da glutamina em indivíduos saudáveis, praticantes de atividade física. Após isso, discutiremos sobre os efeitos desse suplemento em indivíduos doentes, internados em ambiente hospitalar.

Recorrendo a literatura para avaliar o papel da glutamina em praticantes de atividade física, encontramos um ótimo estudo que através de uma metanálise avaliou o papel da Glutamina em atletas. Nesse estudo, foram avaliados não apenas melhorias na imunidade, mas também possíveis benefícios em composição corporal e performance.

A partir da avaliação de 25 estudos duplo cegos e randomizados, os pesquisadores concluíram que a utilização desse suplemento na população avaliada não tem efeito sobre sistema imunológico, desempenho aeróbico e composição corporal. No entanto, foram encontradas evidências mostrando um possível benefício do suplemento no aumento da redução de peso.

Em relação à utilização da glutamina como um suplemento em pacientes críticos, o cenário é muito semelhante. A partir de uma metanálise que avaliou 11 estudos duplo cegos e randomizados, foi concluído que a suplementação de glutamina enteral não confere benefício clínico significativo em pacientes críticos, com exceção da redução da permanência hospitalar. Como exceção, foi encontrado dados com uma pequena população sugerindo que pode haver um benefício significativo em pacientes com queimaduras.

A partir disso, fica evidente que a utilização de glutamina com intenção de aumento de imunidade, pode não ser uma boa estratégia.

Você já sabia dessas informações? Comenta aqui embaixo o que você achou!

Referências

DOI:10.1016/j.clnu.2018.05.001 

The effect of glutamine supplementation on athletic performance, body composition, and immune function: A systematic review and a Q5 meta-analysis of clinical trials

 

DOI: 10.1186/s13054-015-1002-x

Enteral glutamine supplementation in critically ill patients: a systematic review and meta-analysis

Uso terapêutico da oxandrolona

Oxandrolona - Além da Estética / Aplicabilidade terapêutica e segurança de uso

A oxandrolona é um dos esteróides anabolizantes mais utilizados, especialmente por mulheres com o objetivo de ganho de massa magra. Entretanto, o seu uso vai muito além da estética, podendo ser utilizada desde de no tratamento de queimados a até mesmo no aumento do crescimento pôndero-estatural de crianças. Apesar de tamanha aplicabilidade, alguns profissionais ainda veem essa droga com certo preconceito, mas a final, a oxandrolona realmente é uma medicação segura?

Dentre os esteroides anabolizantes disponíveis hoje, a oxandrolona é sem dúvida um dos com maior número de estudos científicos, possuindo ampla segurança e indicações clínicas de uso. Sabendo disso, para responder essa pergunta, quero te apresentar alguns estudos clínicos duplo cego randomizados, que nos mostram aplicabilidades distintas da oxandrolona, evidenciando o seu nível de segurança.

1-Tratamento de queimados
Um estudo com Crianças avaliou o uso de 0,1mg/kg/dia dessa medicação diariamente por 2 anos. A partir disso, observamos que mesmo após 5 anos da utilização da medicação, foi constatado um aumento positivo na densidade mineral óssea e crescimento pôndero-estatural dos pacientes. Além disso, não houve alteração significativo das função hepáticas ou outros efeitos adversos significativos.

2- Aumento Pôndero-Estatural na Síndrome de Turner
Meninas com síndrome de Turner possuem uma tendência de atingirem uma menor estatura e desenvolvimento sexual. Sendo assim, um estudo realizado com garotas entre 2 e 16 anos avaliou a aplicabilidade de uso de 0,03 e 0,06 mg/kg/d de oxandrolona associado a GH, de forma continua, a partir dos 8 anos. A conclusão é que o tratamento com 0,03mg/kg/dia é seguro e benéfico.

3- Aumento de Resistência de Treinamento em Mulheres Idosas
Saindo das pesquisas em crianças, vamos agora para um estudo em mulheres idosas. Uma pesquisa avaliou a utilização de 10mg/dia de oxandrolona durante 12 semanas em mulheres entre 65 a 90 anos. Esse estudo observou uma melhoria significativa na composição corporal, com aumento de massa muscular e perda de gordura.

Além desses estudos, existe uma vasta literatura comprovando a aplicabilidade dessa medicação para essas e outras patologias. A partir disso, observamos que a oxandrolona é uma medicação que possui segurança de uso não apenas em mulheres adultas que desejam hipertrofia, mas também em crianças e até idosos. Sendo assim, é seguro afirmar que quando bem indicada, ela é segura e extremamente benéfica.

Você já conhecia a aplicabilidade da Oxandrolona no tratamento dessas e de outras patologias? Comenta aqui em baixo qual a sua opinião sobre o assunto!

Referências

FIVE-YEAR OUTCOMES AFTER LONG-TERM OXANDROLONE
ADMINISTRATION IN SEVERELY BURNED CHILDREN: A
RANDOMIZED CLINICAL TRIAL
doi: 10.1097/SHK.0000000000000517.

Long-term effects of previous oxandrolone treatment in adult
women with Turner syndrome
doi: 10.1530/EJE-12-0404.

Oxandrolone Augmentation of Resistance
Training in Older Women: A Randomized Trial
doi: 10.1249/MSS.0000000000000690.