É seguro usar testosterona em mulheres?

Testosterona em mulheres: segurança e efeitos colaterais

A utilização de testosterona em mulheres é algo que gera muita insegurança e divergência de opiniões entre pacientes e profissionais saúde. Devido ao seu caráter predominantemente androgênico em relação ao potencial anabólico, seu uso se torna questionável em situações em que o objetivo do uso seja o aumento da massa muscular em mulheres.

Entretanto, doenças como a síndrome do desejo sexual hipoativo (DSH) possuem como tratamento de escolha a utilização desse tipo de medicação. Sendo assim, surge o questionamento, a utilização de testosterona em mulheres com indicação clínica de uso é realmente é algo seguro?

Para responder a essa pergunta quero te apresentar uma meta-análise que avaliou 36 estudos clínicos randomizados com uma amostra de mais de 8480 participantes. Nesse estudo foi avaliado a eficácia, segurança e potenciais efeitos colaterais do uso de testosterona em mulheres.

O estudo mostrou que a testosterona realmente é eficaz no tratamento do desejo sexual hipoativo feminino, melhorando a satisfação e função sexual nas mulheres pós menopausa.

Já os principais efeitos colaterais relatados, foram: aumento do LDL e triglicerídeos e diminuição do HDL. Entretanto, esses efeitos foram vistos apenas na medicação via oral, não ocorrendo na aplicação transdérmica, sugerindo que essa via como preferencial no tratamento. Por fim, outros colaterais relatos foram acne e crescimento de pelos. Vale ressaltar que efeitos adversos graves não foram relatados em nenhum dos estudos avaliados.

Outro ponto que pode gerar certa apreensão é o fato de a testosterona ser convertida pela enzima aromatase em estrogênio. A partir disso, alguns profissionais temem que esse aumento do estrogênio possa aumentar o risco de doenças como o câncer de mama, por exemplo.

Para avaliar se esse risco teórico se evidenciaria na prática clínica, uma equipe de pesquisadores realizou uma revisão avaliando o risco de câncer de mama em paciente utilizando testosterona. O resultado surpreendeu, além de não aumentar o risco de câncer de mama, o uso de testosterona é capaz de REDUZIR o risco do desenvolvimento da doença.

Além disso, o estudo ainda trouxe uma alternativa terapêutica utilizada em populações selecionadas, em que o aumento do estradiol geraria um aumento de risco inaceitável. Nessas pacientes, a combinação entre testosterona e anastrozol se mostrou segura e ainda foi eficaz em diminuir o tamanho do tumor nas mulheres com diagnóstico de CA de mama.

A partir dos estudos apresentados, vemos que a utilização de testosterona é sim segura nas mulheres. Entretanto, vale ressaltar que os estudos avaliaram a utilização da testosterona na faixa de 300 µg por dia. A utilização de doses supra fisiológicas aumenta os efeitos adversos do medicamento, podendo assim cursar com aumento dos efeitos já descritos, além de piora metabólica, aumento do risco cardiovascular, clitoromegalia e alteração da voz.

Referências

Doi: 10.1016/S2213-8587(19)30189-5

Doi: 10.1016/j.maturitas.2015.06.002

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