Dia: 5 de junho de 2021

Capa do post: O que é a Tireoide

O que é a tireoide?

Dr., me falaram que eu tenho tireoide, o que é a tireoide?

O que é a tireoide é uma pergunta que muitos pacientes apresentam rotineiramente no consultório médico. Infelizmente, devido a alta demanda de pacientes e a rotina apressada de alguns consultórios, essa pergunta muitas vezes fica sem resposta. Caso esse seja o seu caso, e você tenha chego até aqui com a dúvida de o que é essa tão falada tireoide que os médicos tanto te falam, fique tranquilo, hoje irei retirar todas as suas dúvidas sobre o que é a tireoide! 

Mas a final, o que é a tireoide?

Diferente do que algumas pessoas pensam, a tireoide NÃO é uma doença, na verdade, ela é um órgão que se localiza em nosso pescoço, ou seja, ela está presente em todas as pessoas. Em pessoas saudáveis, ela é pequena, atingindo um volume próximo a 15 mL, não sendo possível visualiza-la a olho nu. Frente a algumas doenças, como o bócio, por exemplo, é possível que a tireoide aumente de tamanho, sendo possível observá-la a olho nu.  Confira a imagem a baixo a localização e tamanho médio de uma tireoide.

Imagem representativa do tamanho e posicionamento da tireoide

O que a tireoide faz?

Como eu já te expliquei a tireoide é um órgão, mais especificamente, uma glândula, e assim como as demais glândulas do nosso corpo, ela é responsável por produzir e secretar hormônios. Existem 2 principais hormônios produzidos pela tireoide, a tiroxina (T4) e a triiodotironina (T3). Esses dois hormônios são produzidos constantemente pela tireoide, e então, são enviados ao sangue, para dessa forma, se espalharem em nosso corpo.

Todos os hormônios produzidos pelo nosso corpo são de extrema importância para a vida humana, mas sem dúvida, aqueles que mais me fascinam são os da tireoide. Tenho certeza que assim que você entender o que os hormônios da tireoide fazem em nosso corpo, você passará a concordar comigo!

A triiodotironina (T3) é o hormônio da tireoide que atua no nosso corpo, estimulando-o a funcionar de forma mais eficiente e rápida. Ele age como se fosse um combustível especial dos nossos órgãos e tecidos, fazendo com que cada órgão do nosso corpo atue de forma mais eficiente, e, de certa forma, rápida. 

Quando eu me refiro aos hormônios da tireoide agirem em todo o nosso corpo, quero realmente dizer em todo o corpo. Esses hormônios atuam desde no estímulo peristáltico do intestino a até mesmo na regulação da temperatura corporal. Idependente do órgão ou via metabólica que você imagine, os hormônios tieroidianos estarão presentes de alguma forma estimulando o aumento da eficácia e velocidade de funcionamento.

Acredito que com essas informações você já tenha entendido a importância desse incrível órgão do nosso corpo, tão pequeno, mas ao mesmo tempo, tão fundamental. Mas para não surgir dúvidas, vamos responder a seguinte pergunta:

Então não faz mal ter tireoide?

Exatamente! Agora que você já sabe o que é a tireoide Ter tireoide, fica fácil intender o porque disso não ser algo ruim, na verdade, a tireoide é um órgão tão importante quanto o estômago, intestino ou mesmo o coração na manutenção da vida humana. Sendo assim, todos nós temos tireoide, o que acontece é que algumas pessoas possuem um problema de excesso (hipertireoidismo) ou então redução (hipotireoidismo) da função dessa glândula. E é ai que surge o problema, como esse órgão produzi hormônios que agirão em todo o nosso corpo, já é de se imaginar que caso ele trabalhe de mais, ou de menos, encontraremos sérios problemas em nossa saúde. 

A partir disso, a seguir, vou te explicar exatamente o que acontece caso a sua tireoide trabalhe demais ou de menos!

O que acontece se a minha tireoide trabalhar mais do que devia?

Como te expliquei anteriormente, a tireoide produz dois hormônios que atuarão acelernaod o trabalho de basicamente todos os órgãos do nosso corpo. Na quantidade ideal, isso é uma ferramenta extremamente importânte para a nosa vida. Entretanto, caso a tireoide passe a produzir hormônios de mais, desenvolveremos uma doença chamada Hipertireoidismo e com isso, enfrentaremos uma série de sintomas extremamente desagradáveis.

Para saber quais são os sintomas do Hipertireoidismo, basta pensar o que aconteceria caso cada um de nossos órgãos passasse a trabalhar mais rápido do que deveria! Com essa linha de raciocínio fica fácil entender os sintomas dessa doença.

Sintomas do Hipertireoidismo

  • Frequência cardíaca acelerada (acima de 100 batimentos por minuto)
  • Nervosismo, ansiedade e irritação
  • Aceleração dos pensamentos associado a esgotamento mental/cansaço
  • Aumento da temperatura corporal e sudorese
  • Rápido crescimento das unhas
  • Mãos trêmulas e sudoreicas
  • Aumento da motilidade intestinal (Diarreia)
  • Perda de peso
  • Perda de apetite
  • Intolerância a temperaturas quentes
  • Queda de cabelo e/ou fraqueza do couro cabeludo
  • Fraqueza nos músculos, especialmente nos braços e coxas
  • Protrusão dos olhos(Doença de Graves)
  • Acelerada perda de cálcio dos ossos com aumento do risco de osteoporose e fraturas.

Esses são alguns dos principais sintomas que podem acometer quem possui hipertireoidismo. Vale ressaltar que a presença ou não desses e de outros sintomas varia de indivíduo para individuo, podendo ir desde ausência de sintomas a até sintomas tão graves que exigem atendimento médico imediato.

O que acontece se a minha tireoide trabalhar menos do que devia?

Quando a tireoide trabalha de menos, o problema é exatamente o contrário daquilo que conversamos anteriormente.  Nesses casos o que ocorre é uma diminuição na produção dos hormônios da tireoide, desenvolvendo o que chamamos de hipotireoidismo. Com menos hormônios tireoidianos, o que teremos é uma série de sintomas relacionados a menor velocidade de funcionamento dos nossos órgãos, se destacando os seguintes sintomas:

Sintomas do Hipotireoidismo

  • Desaceleração dos batimentos cardíacos
  • Diminuição da motilidade intestinal (Intestino preso)
  • Ganho de peso
  • Menstruação irregular
  • Diminuição da memória
  • Cansaço e sono excessivo
  • Dores musculares
  • Pele seca
  • Queda de cabelo

Esses são alguns dos principais sintomas que podem acometer quem possui hipotireoidismo. Vale ressaltar que a presença ou não desses e de outros sintomas varia de indivíduo para individuo, podendo ir desde ausência de sintomas a até sintomas tão graves que exigem atendimento médico imediato.

Qual médico cuida da tireoide?

Agora que você já sabe o que é a tireoide, vamos conversar um pouco sobre qual médico é responsável por cuidar dela. Frente a alta prevalência dessa doença, qualquer médico generalista é capaz de auxiliar na indicação de exames de rotina para rastreio e controle de hiper e hipotireoidismo, além disso, em casos mais leves de hipotireoidismo, por exemplo, até mesmo o médico generalista será capaz de tratar  essas doenças. 

Eventualmente existirão casos mais complexos e avançados que demandam de um especialista no assunto para realizar o tratamento. Nessas situações, o médico recomendado é o endocrinologista. Para o médico adquirir o título de endocrinologista, ele deverá estudar 6 anos de medicina, 3 anos de clínica médica e 2 anos de endocrinologia, totalizando cerca de 11 anos de estudos, sendo assim o profissional mais capacitado para resolver esse tipo de distúrbios.

Quando procurar por um médico para cuidar da minha tireoide?

Frente a presença de sintomas semelhantes aqueles descritos nesse texto, ou então frente ao aparecimento de caroços ou elevações no pescoço/tireoide, é fundamental a procura por atendimento médico.

Caso não existam sintomas presentes, a procura por atendimento médico deve ser feita a cada 5 anos, a partir dos 35 anos, a fim de se rastrear possíveis doenças em fases iniciais; e, com isso, iniciar o tratamento adequado antes do aparecimento de complicações.

Como cuidar da minha tireoide?

Como já foi conversado anteriormente, é importante que sejam realizados rotineiramente consultas médicas a fim de se avaliar não apenas a saúde da tireoide, mas também de todo o nosso corpo. Além disso, prática de atividade física e o consumo de alimentos ricos em vitaminas e minerais também auxiliarão você na prevenção de possíveis problemas em sua tireoide.

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Capa do Post O que é o Volanesorsen

O que é Volanesorsen?

Recentemente um novo medicamento chamado Volanesorsen com nome comercial de Waylivra® vem ganhando espaço em revistas e jornais médicos. Hoje, nós do EndocrinoLógico iremos te fornecer um breve resumo sobre essa nova medicação que promete auxiliar no tratamento da síndrome da quilomicronemia familiar (SQF)!

O que é Volanesorsen?

Volanesorsen é um medicamento vendido pelo nome comercial é Waylivra®, indicado como tratamento adjuvante em pacientes adultos portadores da síndrome de quilomicronemia familiar (SQF) geneticamente confirmada e com risco elevado de pancreatite, cuja resposta a dieta e a terapêutica de redução de triglicerídeos demonstrou ser inadequada. Essa é uma medicação extremamente recente, tendo tido sua primeira autorização de uso pela Agência Europeia de Medicamentos em  03 de maio de 2019 e sua última renovação em 04 de fevereiro de 2021.

No Brasil, a Anvisa aprovou a utilização do Waylivra no dia 24 de agosto de 2021, sendo esse o primeiro tratamento para a Síndrome da Quilomicronemia Familiar (SQF) aprovado em nosso país.

A aprovação do Waylivra® para o tratamento da Síndrome da Quilomicronemia Familiar (SQF) se deu após o estudos randomizados e duplo cego APPROACH e  COMPASS. Os resultados mostraram que a utilização do Waylivra® foi capaz de reduzir em cerca de 94% em comparação com o placebo os triglicérides dos pacientes, além de diminuir o risco de pancreatite nessa população. 

Qual o mecanismo de Ação do Volanesorsen?

O volanesorseno consiste em um oligonucleótido antisense que atua inibindo a formação da apoC-III. A apoC-III consiste em uma proteína que atua na regulação tanto do metabolismo dos triglicérides quanto da depuração hepática das quilomicrons e de outras lipoproteínas ricas em triglicéridos. A partir disso, o volanesorsen se liga ao RNA mensageiro da apoC-III impendindo a tradução ddesta proteína, removendo assim, um inibidor da depuração de triglicéridos e ativando o metabolismo através de uma via independente de LPL.

Qual a posologia de uso do Volanesorsen?

Inicialmente vamos falar brevemente da forma de apresentação do Volanesorsen. Cada ml contém 200 mg de volanesorseno de sódio o que equivale a 190 mg de volanesorseno. a partir disso, cada seringa pré-cheia contendo 1,5 ml de solução possui uma dose de  285 mg de volanesorseno.

A dose inicial recomendada ao inciiar o uso dessa medicação é a de uma dose, ou seja, 285 mg de volanesorseno em 1,5 ml de solução. Essa dose deve ser aplicada através de injeção subcutânea uma vez por semana durante 3 meses. Após os 3 meses iniciais de tratamento deve-se reduzir a frequência antes semanal para a cada uma frequência de uma aplicação a cada duas semanas.

Caso após 3 meses de tratamento com 285 mg de volanesorseno por semana ocorra uma redução de menos de 25% dos triglicérides séricos ou  caso não se atinja valores séricos abaixo de 22,6 mmol/L o tratamento deverá ser descontinuado.

Após 6 meses de tratamento com a medicação pode ser necessário realizar um novo reajuste da dose voltando à frequência semanal. Considera-se essa conduta  nos casos em que a redução sérica de triglicerídeos seja inadequada, conforme avaliação pelo especialista supervisor. Vale ressaltar que isso só poderá ser feito em pacientes com contagem de plaquetas no intervalo normal.

Nesses casos, os pacientes devem voltar a dose anterior de 285 mg de 2 em 2 semanas nos casos em que a dose mais elevada de 285 mg, uma vez por semana, não for suficiente em gerar uma redução significativa dos triglicerídeos após os 9 meses inicias do tratamento. 

É importante orientar os pacientes a adminitrarem as injeções sempre no mesmo dia da semana, e, nos casos em que falhar uma dose, caso dentro de 48 horas deverá administrar a dose em falta o mais rapidamente possível. Se o doente não reparar na falha da dose no prazo de 48 horas, então essa dose deve ser ignorada, devendo ser administrada a próxima injeção planeada.

Como funciona a monitorização de plaquetas e ajustes da dose do Volanosorsen?

A utilização do Volanesorsen possivelmente pode reduzir os níveis de plaquetas. Diante disso, deve ser feito uma monitorização frequente desse marcador. 

Antes do início do tratamento, deve determinar se a contagem é superior a 140 x 10^9
/L. Nos casos em que a contagem é menor,  deverá ser feita uma nova medição aproximadamente uma semana
depois, para reavaliação. Se a contagem das plaquetas permanecer inferior a 140 x 109
/L após a
segunda medição o Waylivra não deve ser iniciado (ver secção 4.3).
Após o início do tratamento, deverá ser realizado um controle frequente dos níveis de plaquetas do individuo, na tabela abaixo segue a recomendação de frequência e dose frente a diferentes níveis de plaquetas.

Tabela monitorização de plaquetas volanesorsen

                                   Tabela extraída do site da agência europeia de medicamentos, acesse ao documento completo aqui

Qual o modo de administração do Volanesorsen?

Este medicamento deve ser utilizado única e exclusivamente pela via subcutânea. Além disso, cada seringa pré-cheia pode ser utilizada uma única vez, não devendo ser reaproveitada. Antes de aplicar é necessário que a medicação seja inspecionada visualmente, devendo estar límpida e ser incolor a amarelada. Se a solução estiver turva ou contiver partículas visíveis, o conteúdo não pode
ser injetado e o medicamento deve ser devolvido à farmácia. 

Por fim, deve-se retirar a seringa do local de refrigeração (2°C a 8 °C) ao menos 30 minutos antes de sua utilização. Após esse prazo, pode ser feita a plicação nos seguintes locais: abdómen, a região superior da coxa ou a zona superior externa do braço.

Vale ressaltar que é necessário orientar o paciente ou seu cuidador sobre as formas de aplicar essa medicação, devendo a primeira dose ser feita acompanhada por um profissional da saúde qualificado. 

 

Observações finais

Esse é um texto informativo destinado a informar profissionais da saúde sobre essa nova medicação. Não utilize nenhuma informação contida aqui como sugestão de uso ou de prescrição médica. O medicamento Volanesorsen somente deve ser prescrito por profissionais médicos com experiência no tratamento da síndrome da quilomicronemia familiar.